TRABALHAR OU NÃO TRABALHAR? EIS, A QUESTÃO!
Bete Godoy
Tenho recebido várias perguntas de educadores que visitam o blog relacionadas as datas comemorativas, as mais recorrente são: se elas devem ou não compor o currículo na educação infantil; como a família pode participar efetivamente indo muito além da situação de expectador das apresentações feitas pelas crianças e como este assunto é tratado no cotidiano da escola.
Diante dos contínuos questionamentos partilho como temos respeitado os valores culturais, religiosos, econômicos e éticos das crianças e suas famílias sem empobrecer o trabalho pedagógico. No início do ano quando escrevemos o plano de trabalho reservamos um momento para decidir e conversar sobre algumas especifidades dos conteúdos que trabalharemos, entre eles, as datas comemorativas.
As datas comemorativas estão sempre presentes em nossas reflexões porque estamos aprendendo a lidar com novas situações de aprendizagens para compor um currículo e ampliando os saberes já construídos. Avançamos muito mas, como todo ano recebemos novos professores retomamos avaliando os avanços e dificuldades no planejamento e desenvolvimento das nossas práticas.
Alguns anos atrás era comum ver nos painéis e espaços da escola produções realizadas por professores e na sua grande maioria de E.V.A, ou de origame, isso sem contar nos kits de festa que eram reaproveitados para recepcionar as crianças e famílias marcando a comemoração de uma data comemorativa.
Quem não se lembra de ver nos murais do pátio da escola o caipira, a fogueira ao meio e a capirinha? Outra marcante é o coelhinho da páscoa com a cesta de ovos na mão. Natal, dia das mães, dia do livro, dia da árvore, dia do circo e por aí a fora.
Quando observamos os espaços e neste caso estou me referindo as paredes e murais da escola a luz de boas teorias percebemos o quanto eles revelam a nossa concepção sobre educação e desvela como cada educador traduz isso em sua prática pedagógica.
Partindo desta premissa algumas perguntas alimentaram a nossa discussão, reflexão e ação:
1-Qual a relevância deste trabalho para o desenvolvimento infantil?
2-Como respeitar a diversidade cultural das crianças e famílias?
3-Quais as possibilidades de aprendizagem e vivência?
4-Como realizar um trabalho onde as crianças possam pensar, criar e conversar sobre este assunto sem tratá-lo como mera reprodução mercadológica?
5-Como as famílias poderão participar ampliando a cultura local, partilhando seus saberes e fortalecendo vínculos com a escola?
6-Como os dados coletados na pesquisa socioeconomica realizada todo inicio de ano pode contribuir para conhecermos a cultura local?
Durante essa tempestade de idéias muitas outras questões surgiram, mas, acredito serem estas as geradoras de outras boas perguntas. Cabe a cada unidade educacional poblematizar a partir de seus saberes e fazeres.
As primeiras ações serão marcadas pelo espanto e insegurança por parte dos educadores, sair da zona de conforto (do prático mesmo que inútil) para a construção significativa para a criança exige ousadia pedagógica.