sexta-feira, 4 de abril de 2008

Os preconceitos de quem educa...

A mãe de um garoto com menos de seis anos me perguntou: Devo me preocupar com o fato de meu filho querer fazer sempre o papel da “Bela Adormecida” quando brinca com o irmão?

Vivemos numa cultura repleta de preconceitos, que são idéias formadas antecipadamente, sem uma avaliação crítica. Como somos todos educados em uma mesma cultura, os preconceitos existentes são transmitidos pela educação. Ocorre que quem educa tem o dever de tentar melhorar a geração seguinte. Aliás, é por isso que temos filhos ou que nos tornamos professores: porque temos a esperança de que o futuro da humanidade seja melhor do que o presente que vivemos. Por isso, é preciso que nossos preconceitos sejam conhecidos e que façamos uma análise crítica deles. O tema da sexualidade é um dos mais ricos em preconceitos e estereótipos. Basta analisar o que pensa a mãe de um garoto que gosta de fazer o papel de “Bela Adormecida” para perceber como nossos preconceitos atuam. O mundo infantil do faz-de-conta não tem limites, mas quando a questão da sexualidade entra em cena parece que nos esquecemos disso. A preocupação da mãe tem alvo certo: a identificação do filho com um papel feminino, ou seja, a sexualidade dele. Sem perceber, ela interpretou um fato com um olhar preconceituoso, não é verdade? E não é preciso mais do que isso para a transmissão de um preconceito porque as crianças têm sensibilidade aguçada para perceber e ler as entrelinhas de nossas ações, de nossos olhares, de nossas avaliações.


É
preciso mais do que uma geração para superar preconceitos, mas se quem educa não estiver atento a seus preconceitos e às preocupações deles derivadas, só colabora para solidificar ainda mais tais idéias. (Rosely Sayão)

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